Comemora-se hoje, dia 21 de Março, o DIA MUNDIAL DA POESIA. Por todo o país, multiplicam-se os recitais e outras formas originais de celebrar esta forma de arte.
Portanto cá vai a do Vizelense para hoje:
Lengalenga
Que está na varanda?
Uma fita de ganga.
Que está na janela?
Uma fita amarela.
Que está no poço?
Uma casca de tremoço.
Que está no telhado?
Um gato pingado.
Que está na chaminé?
Uma caixa de rapé.
Que está na rua?
Uma espada nua.
Que está atrás da porta?
Uma vara torta.
Que está no ninho?
Um passarinho.
Deixa-o no morno.
Dá-lhe um pãozinho.
Cancioneiro Popular Português
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2 comentários:
E também dia Mundial da Eliminação da Discriminação Racial e portanto um poema a condizer:
A Pergunta do Negro
Como ignorante que sou,
preciso perguntar:
se a cor branca é virtude
para me mandar branquear.
Ser negro não é vergonha,
nem cor que diminui a fama,
porque com sapatos negros,
calça-se a melhor dama.
E as sobrancelhas e os cílios
e uma negra cabeleira,
que qualquer um pode apreciar?
Interrogando estou,
preciso perguntar,
como ignorante que sou.
Pergunto sem vacilar
porque isto eu não compreendo:
o sábio que fez a terra
de que cor a deixou,
de que massa formou
nosso primeiro pai Adão.
Quem quiser me tachar
que saiba contestar,
pois ignorante que sou,
preciso perguntar.
Pergunto porque me convém,
se ser negro é um delito.
Desde que nasci neste mundo,
letras brancas eu não tenho visto;
negra foi a cruz de Cristo
onde morreu o Redentor,
de negro se vestiu Maria
vendo Jesus morrer.
Preciso perguntar
se a cor branca é virtude.
O negro com sua cor
e o branco com sua brancura,
todos vamos acabar
na negra sepultura.
Acabam-se as formosuras
das brancas senhoritas,
acaba-se aquele que mais critica
e o de cor sem igual.
Preciso perguntar:
se a cor branca é virtude
para me mandar branquear.
–Benildo Torres
lindo doutora!
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